Domingo, 8 de setembro de 2024

Brigadista do Ibama que combatia incêndios no Tocantins é executado a tiros na porta de casa

O ambientalista Sidinei de Oliveira Silva, conhecido como Nenê, foi executado com dois tiros de calibre 12, na manhã deste sábado, em Formoso do Araguaia, em Tocantins, na porta de casa. O GLOBO apurou que Nenê, contratado pelo Ibama para combater incêndios na região, vinha sendo ameaçado por fazendeiros e grileiros por impedir queimadas e invasões em terras indígenas situadas na Ilha do Bananal.

Nenê atuava no programa do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo). O ambientalista fazia parte da equipe de brigadistas de queima prescrita do Ibama na região Nordeste, composta por quatro profissionais.

“Com pesar, o Ibama comunica o falecimento do brigadista do Prevfogo Sidney Silva, um profissional dedicado e experiente no manejo preventivo do fogo. Neste momento de luto, o IBAMA se solidariza com a família e amigos, oferecendo o apoio necessário”, disse órgão federal, em nota.

Ao GLOBO, o Superintendente do Ibama do Tocantins, Leandro Milhomem Costa, afirmou que Nenê era um brigadista “experiente e qualificado no manejo do fogo preventivo”.

— Ele já foi contratado em outros anos pelo Prevfogo do Ibama Tocantins e estava selecionado para atuar junto à Brigada Nordeste da Ilha do Bananal em 2024. Não temos informações sobre a motivação do crime — diz Costa.

A perícia esteve no local do crime e o corpo da vítima foi levado para o Instituto Médico Legal (IML). O GLOBO procurou a polícia de Formoso de Araguaia, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem.

Um dos principais conhecedores da região, o ambientalista deu apoio logístico à Funai quando, em um sobrevoo, fez o avistamento do povo indígena isolado Avá-Canoeiro, antes dado como extinto em uma área da Ilha do Bananal, conhecida como a “Mata do Mamão”. Nenê era descendente do Povo Karajá, habitantes seculares das margens do rio Araguaia em Goiás, Tocantins e Mato Grosso.

O ambientalista chegou a prestar depoimento no Ministério Público (MP) sobre invasões de pecuaristas em terras indígenas localizadas na ilha. O MP foi procurado pelo GLOBO, mas não respondeu aos questionamentos até a publicação da reportagem.