Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Justiça não aceita pedido de prisão do motorista de carro de luxo que matou condutor de carro de aplicativo

O motorista do Porsche que bateu contra um Renault Sandero e causou a morte de um homem de 52 anos na madrugada de domingo (31) em São Paulo se apresentou à polícia nesta segunda-feira (1º) e foi indiciado por homicídio doloso (quando há intenção de matar), lesão corporal e fuga de local de acidente, segundo a Secretaria da Segurança Pública.

A polícia solicitou a prisão temporária dele, mas o pedido não foi aceito pela Justiça.

Por volta das 20h40, o motorista deixou a delegacia com a mãe, que também prestou depoimento.

Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, fugiu do local do acidente e não fez o teste do bafômetro, mesmo com a presença de policiais militares. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que a “Polícia Militar instaurou uma investigação preliminar para apurar a conduta dos policiais durante a ocorrência”.

Câmeras de segurança registraram o momento em que o veículo de luxo, dirigido por Fernando, bateu na traseira do carro de Ornaldo da Silva Viana, um motorista de aplicativo, que não resistiu aos ferimentos e morreu.

As imagens serão analisadas pela Polícia Técnico-Científica, que irá verificar a velocidade da Porsche no instante da colisão.

Por meio de nota, a defesa de Fernando negou que ele tenha fugido do local do acidente e afirmou que ele foi liberado por policiais para ir ao hospital. No entanto, os advogados afirmaram que “foi necessário seu resguardo” por estar sofrendo “linchamento virtual”.

Ainda de acordo com a nota, a defesa de Fernando está entrando em contato com a família de Ornaldo para prestar solidariedade e fornecer a assistência necessária.

O caso ocorreu na Avenida Salim Farah Maluf. Segundo testemunhas ouvidas pela Polícia Civil, o Porsche estava em alta velocidade. O limite para a via é de 50 km/h.

Ornaldo foi socorrido e levado em parada cardiorrespiratória ao Hospital Municipal do Tatuapé, onde morreu.

Um amigo de Fernando que, segundo a polícia, também estava no Porsche, foi levado ao Hospital São Luiz no Tatuapé. Até a manhã desta segunda, ele seguia internado, mas seu estado de saúde é desconhecido.

De acordo com o boletim de ocorrência, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, mãe de Fernando, apareceu no local do acidente e afirmou aos policiais que levaria o filho ao Hospital São Luiz do Ibirapuera, na Zona Sul, uma vez que o rapaz apresentava um “leve ferimento” na boca.

Segundo testemunhas e policiais ouvidos pela reportagem, nesse momento os agentes liberaram Fernando para ir com a mulher até a unidade de saúde.

Porém, ao procurá-los no hospital para coletar o depoimento do motorista e realizar um teste de bafômetro, os policiais foram informados pela equipe da recepção que o rapaz não havia dado entrada na unidade.

Os PMs afirmaram ter tentado localizá-los por telefone, mas nem o rapaz nem Daniela atenderam as ligações. Eles também não conseguiram contatar o advogado indicado pela mulher. Por esse motivo, os agentes consideraram que Fernando havia fugido do local do acidente.

Questionada, a Polícia Militar informou que irá apurar se os policiais erraram ao permitir que Fernando deixasse o local do acidente com a sua mãe para ir supostamente a um hospital.

“Que liberaram, é fato. Trataram, inicialmente, como vítima. Vamos analisar se houve alguma falha no procedimento operacional. É preciso analisar caso a caso, mas não é incomum liberar a vítima para ir por conta própria [a um hospital], caso ela tenha condições”, falou ao g1 o coronel Emerson Massera, porta-voz da PM de São Paulo.

Nesta segunda, ao se apresentar na delegacia, Fernando não apresentava ferimento visível no rosto.